Um profeta, vulgo Aurículus, me diz:
Carro, fungo, folha, tosse, passos, sussurros, alarme, risco.
Um outro, muito visionário, me fala:
Carteiras, quadro, folha, identidade, caneta, borracha, lapiseira, chão, teto e porta.
Um terceiro, em mal estado, tenta me sussurrar:
Congestionamento, ar e mais nada.
Um quarto, meio faminto e acidentado há pouco, me pontua:
Sangue de um corte no céu e saliva.
Um quinto, vestido de peles, me proclama, inquieto:
Testa, lapiseira, aliança, roupas, carteira, papel, chão e brisa.
E um último profeta, vítima e vitimador de todos os outros cinco, me grita:
Ansiedade, saudade, sonhos, tédio, falta de criatividade, vontade de levantar e incômodo.
Em uníssono, dizem os profetas (os meus, pelo menos) que viver é isso:
navegar num mar de nomes sentidos, transitáveis e pluriformes,
e tecê-los um único que se traduz no milésimo de um momento,
multipla e redundantemente, até o deitar sem sentido da mente.
Endoida-te, Ser Humano, pois é teu direito por sentir tanto.
Sinto muito...
Sário Ferreira - 15/07/2012
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