Há cerca de três meses lá estava eu, perdido de meu outro eu há quase três estações. A tinta constantemente saia da caneta, mas nenhuma gota era pra poesia, era para trabalho somente, e infelizmente não do trabalho para poesia... Mas foi então que, como uma profecia de Nostradamus, veio me o "insight" incontrolável necessitado de ser libertado do universo caótico de minha mente para a concretidão aprisionada do papel. Deixei-o voar nas pautas da folha, e o vento das ideias cantou a seguinte poesia sob suas asas:
RECRESCÊNCIA
Reles Alma, adiante se adianta
Em flora e grama, gramática jaz
Nas distantes ilhas lexicais
De triste fauna semântica extinta
Escravas senhoras de um senhor escravo
Mel que inexiste em uma colméia sem favo
Genuína semente em minha mente demente
Raiz seca, molha-te o suor impróprio
Procuro por vós, voz, fruto excelente
Pois as puras águas são só para o ópio
Caule increscente, chagado por todos
Morreu ao som de uma lira sem cordas
Mestr'ego, não chores, pois aqui neste broto
Recorda-se a lira, de acordes em chave
Vê cego e recresça em fogo envolto
Livra te d'ira, ganhe o céu vermelha ave
Sário Ferreira - 20/03/2010
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