– Estou aqui.
– Não, não está.
– Mas estou e você me nega.
– ...
– E negar que eu existo é aceitar que eu existo.
– Não posso te ter, pois isso é recusar muito que eu quero.
– Você não sempre me tem, apesar de eu estar em seus medos, porém, é inevitável que às vezes sim, estou contigo mais do que deseja, reconheça ou não.
– Mas se eu aceito você...
– Você me tem também, sim. Logo, me aceitar ou me negar, é me assumir.
– Certo, reconheço. Mas como faço para que aqueles que te verem comigo também reconheçam?
– Precisa? Eu também estou com eles, tanto quanto contigo.
– E por que não vejo você com eles?
– Porque eles também me negam, e por isso estou com eles, tanto quanto contigo.
– Você me julga mau por não fazer o que todos não fazem... isso é errado.
– Não sou. Você quem me tem.
– Eu não quero você!
– Não faz diferença.
– Não posso mesmo escolher?
– Você escolheu viver?
– Não, mas continuo a viver porque quero.
– Assim, você continua comigo porque quer.
– Querendo ou não, acabo te tendo.
– Vivendo.
– Maldito! Eu te aceito! Você está aqui comigo! E agora, o que eu faço?
– Bem, tenho que ir embora... nos vemos por aí. Abraço.
Ele ficou ali, incerto de entender o que nunca iria.
E seguiu seu rumo também, errante em seu caminho humano demais.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Maniqueísmo
O mal mal percebeu um dia que não era mau
até bem saber que seu amigo bem
bem estava equivocado que só era bom:
mal discutiu mal o assunto mau com o bem,
e, por conta de um conflito mal resolvido,
ficaram bem maus os dois.
O mal bem acreditava que não era mau,
mas o bem mal cria na acusação de que não era bom.
O bem pensou: como posso ser mau assim sendo tão bom?
Mau é o mal por me achar mau.
O mal pensou: como o bem pode ser só bom se não aceita que é mau?
Bom sou eu que me sei mau, sem ser mau em contradizer o bem mau.
Não mais se falaram:
O bem mau com a dúvida,
O mal bom com a certeza.
E nunca se acordaram.
Sario Ferreira - 10/01/2014
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Meios
Exausto e sozinho, ele olhou para o pico da montanha, então para o sopé...
Pensou alto e falou baixo:
"No fim, qual princípio determina o que é o começo e o final?"
"O meio." Respondeu-lhe.
Olhou e viu uma pedra.
Mal tinha percebido ele,
Com retinas que um dia se fatigariam,
Que no meio do caminho
Tinha uma pedra.
Quando, na verdade, ele,
no meio da pedra,
buscava um caminho.
Sário Ferreira - 25/10/2013
Pensou alto e falou baixo:
"No fim, qual princípio determina o que é o começo e o final?"
"O meio." Respondeu-lhe.
Olhou e viu uma pedra.
Mal tinha percebido ele,
Com retinas que um dia se fatigariam,
Que no meio do caminho
Tinha uma pedra.
Quando, na verdade, ele,
no meio da pedra,
buscava um caminho.
Sário Ferreira - 25/10/2013
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Paralesia
Ali, milimétrica,
moderou-nos a distância.
Eu queria e ela também,
mas um par de extremidades
afastava pescoços;
a ponte em régua
que nos media a resistência
acalentava a vileza frustrada
que nos conectava,
que nos separava.
A régua da mágoa,
a Regra sobr'água
de lágrimas que não caíram,
que não cairão,
mas que cairiam
se fossem as medidas
distintas, em outro universo
matemático de probabilidades em verso.
Irônico é que a régua que me regra,
aqui, entre devaneios caotizados,
segue a minha régua sem regras.
E cá estou eu, entre ti e seus números:
eis minha vingança,
inofensiva
e incalculada.
Sario Ferreira - 05/11/2012
moderou-nos a distância.
Eu queria e ela também,
mas um par de extremidades
afastava pescoços;
a ponte em régua
que nos media a resistência
acalentava a vileza frustrada
que nos conectava,
que nos separava.
A régua da mágoa,
a Regra sobr'água
de lágrimas que não caíram,
que não cairão,
mas que cairiam
se fossem as medidas
distintas, em outro universo
matemático de probabilidades em verso.
Irônico é que a régua que me regra,
aqui, entre devaneios caotizados,
segue a minha régua sem regras.
E cá estou eu, entre ti e seus números:
eis minha vingança,
inofensiva
e incalculada.
Sario Ferreira - 05/11/2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Santa Natureza Humana
Quem dera eu, se eu não morresse em redundância
pra renascer no segundo seguinte,
até o fim de minha vida.
Presos em nossas essências, somos vários em só um,
fadados às paixões contra alvos inabsolutos e inconstantes:
Ser(es) Humano(s)!
Ser(d)es além de humano(s); Ser(d)es Efêmero(s); Ser(d)es Passageiro(s).
– Um rio não banha o mesmo homem duas vezes
(Assim disse um anjo amigo).
O que é junto, se separa
e mesmo o que é junto a ponto de ser santo
fende-se, porque o ser santo é ser separado (mas junto).
Mas não é o fim,
é só uma transição
de um junto a outro,
sem ressentimentos reticentes ou traição,
porque tudo junto é separado
e separado é tudo junto
(segundo a sábia anedota).
É no dividir que realizamos a verdadeira noção do inteiro
que fomos, somos e seremos:
Sejam nas lembranças passadas,
presentes (preciosos!)
ou futuras...
Sário Ferreira - 22/10/2012
pra renascer no segundo seguinte,
até o fim de minha vida.
Presos em nossas essências, somos vários em só um,
fadados às paixões contra alvos inabsolutos e inconstantes:
Ser(es) Humano(s)!
Ser(d)es além de humano(s); Ser(d)es Efêmero(s); Ser(d)es Passageiro(s).
– Um rio não banha o mesmo homem duas vezes
(Assim disse um anjo amigo).
O que é junto, se separa
e mesmo o que é junto a ponto de ser santo
fende-se, porque o ser santo é ser separado (mas junto).
Mas não é o fim,
é só uma transição
de um junto a outro,
sem ressentimentos reticentes ou traição,
porque tudo junto é separado
e separado é tudo junto
(segundo a sábia anedota).
É no dividir que realizamos a verdadeira noção do inteiro
que fomos, somos e seremos:
Sejam nas lembranças passadas,
presentes (preciosos!)
ou futuras...
Sário Ferreira - 22/10/2012
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Disfarces
Face para amar
Face a familiar
Face pra amigar
Face a sabiar
Face engana a dor e
Outra Face endoura a trama.
E há no leito da mestra cama
uma Face para o sono,
que faz-se aface, neutra em sonhos
da máscara além da incrua pele.
Face ciente do não ser,
ímpar da consciente superfície.
Vai-te, mente, pro nascer
do mar dormente infictício
Afronta-se a fronte
que é não sendo
e, sob acalento,
desfaz-se.
Sário Ferreira - 05/10/2012
Face a familiar
Face pra amigar
Face a sabiar
Face engana a dor e
Outra Face endoura a trama.
E há no leito da mestra cama
uma Face para o sono,
que faz-se aface, neutra em sonhos
da máscara além da incrua pele.
Face ciente do não ser,
ímpar da consciente superfície.
Vai-te, mente, pro nascer
do mar dormente infictício
Afronta-se a fronte
que é não sendo
e, sob acalento,
desfaz-se.
Sário Ferreira - 05/10/2012
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Inconstâncias de um Virtualista
Marco as dores
Programadas permanente(mente)
Num local sem opções.
Post(e)s sem luz
Agem destitulados
Na pública individualidade
De dedos incoerentes,
À salvo da culpa (e até pela [por ela]),
Manipulados, não pela mão,
Mas pelo Mestre Invisualizável:
que vive no fechado,
isolado e responsável.
Conheça estes primos:
O Escreve e o Escravo...
Homem - Tempo - Mundo - Leem.
No fim, figuram-se ações,
Às luzes ausentes
Dos mesmos Post(e)s
Ativos, Atores,
Altivos, Autores,
Tão vivos, tão flores,
Tão servos, tão dores.
Sário Ferreira - 05/09/2012
Programadas permanente(mente)
Num local sem opções.
Post(e)s sem luz
Agem destitulados
Na pública individualidade
De dedos incoerentes,
À salvo da culpa (e até pela [por ela]),
Manipulados, não pela mão,
Mas pelo Mestre Invisualizável:
que vive no fechado,
isolado e responsável.
Conheça estes primos:
O Escreve e o Escravo...
Homem - Tempo - Mundo - Leem.
No fim, figuram-se ações,
Às luzes ausentes
Dos mesmos Post(e)s
Ativos, Atores,
Altivos, Autores,
Tão vivos, tão flores,
Tão servos, tão dores.
Sário Ferreira - 05/09/2012
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