domingo, 13 de março de 2011

Lemniscata

As trevas do desespero à beira do precipício podem ser belas. Definitivamente há males que vem para um bem que você jamais imaginou...
                                                                                                Assinado por Alguém enfim curado.

LEMNISCATA

Penso, tenso e intenso
Qual o próximo passo
Traçar ou não o que faço
Meu sonho era ter a cordis de aço
Fria, reluzente, à prova dos estilhaços
Dos meus anseios, caprichos insatisfeitos
Promessas e feitos não feitos
Influências em meus defeitos perfeitos
Oriundas da voz dos tempos e de Dias
Uma esperança, hoje morta e tardia...

Na ânsia de encontrar em mim um caminho
Que não leve, me leve ao caótico eu, perdido e sozinho
Não me conheço, não me dou preço e sinto sem ver
A treva da escolha que me arranca o sono e precede o abandono

Começar, rumar, acabar
Eis o destino, o fim absoluto
Que és de toda paixão vil fruto
Por força da vida ou sorte da morte

Eterna afronta de mim versus mim
Incerteza venenosa, circular, sem início e fim
Só há a garantia do ser
Se ela é, eu sou: somos!
A contradição encarnada de sentimentos extremos
Vã vítima perpétua dos meus próprios venenos

Sário Ferreira - 02/03/2011