terça-feira, 22 de junho de 2010

Anjo de Artémis

Anjo que ascende, calma, do leito de Ártemis
Me deixe sonhar, no acalento de teu abrigo
Perfeito me acende, com ‘alma, o frio não temes
Posso sussurrar, ao vento aromal que trazes consigo?

De vasta ternura, o mar de um amar tão profundo perfaz
A raiz dos sentires, que florescem por dentro esse fascínio
Esplendida e rara, a forma sem forma ao meu mundo se traz
Reflexo de Eros, linhas que tecem o córdis com domínio

Ó, caminhante das estrelas, magnetiza-me como ímã ao ferro
Sete eternidades inteiras seriam finitas para te proclamar
E citar a grandeza da volição insaciável de ter-te muito além do te ter

Aqui, ante asas tão belas, recuso nomear tal ânsia como erro
Faz-se realidade sonheira, Elysiun sólido de suspirar
Não há tristeza ou aflição, Serafim de Ártemis, anjo do bem de meu ser












Sário Ferreira - 12/06/2009

Férias & tempo livre & agora... E agora?

A quanto tempo não sentia o sabor desse tempero chamado tempo livre... Ainda não consigo crer que estou conseguindo:

*Ler alguns de meus tantos livros que tanto me esperavam
*Ouvir música
*Jogar um ou outro jogo no PC
*Ler os blogs dos meus companheiros e companheiras de guerra no curso de letras
*Tocar minha até então empoeirada guitarra/violão até meus calos dos dedos se reinstalarem em seus devidos lugares
*Ficar à toa (Somente após a labuta diária de dez horas, é claro)
*Dormir mais cedo
*Escrever isso...

Todas essas atividades não deixavam de ser sonhos distantes, há umas 2 semanas atrás... mas agora cá estou, de férias e as férias estão de mim. É claro que o trabalho ainda interfere no descanso que eu realmente julgo merecer (o que, se realizado, me deixaria em coma para o resto da vida), mas esse pouco tempo que tenho está mais do que rendável... em dezembro sim terei férias totais, mas nem arrisco em pensar nesse futuro com tanto afinco, pois quanto mais rápido o tempo passa, mais rápido a vida passa junto. E aí vai uma dúvida filosófica inspirada pelo meu amigão Herbert Spencer: por que estamos sempre possuídos por esta sangria de querer matar o tempo, sendo que quanto mais veloz seu pavio queimar, mais breve será a duração das chamas de nossas vidas? Mesmo consciente sobre o fato de que matar o tempo poder ser considerado um sinistro desejo suicida, não consigo desviar desta sina carregada pela humanidade... O bom é apreciar cada átomo do pavio queimar, é se deliciar com o agora. E ao menos agora, quero aproveitar o agora, postando uma poesia... mas pena que o agora já passou e quando você ler, vai pensar que está lendo agora... mas este agora maledicto já passaste... Agora inalcançável, a compreensão do usufruto do viver está em você, e você inexiste... tal como o ínicio de um círculo que gira ao mesmo tempo em sentido oposto a seu próprio sentido.

Ainda fico louco por tentar encontrar alguma lucidez na realidade.


domingo, 13 de junho de 2010

Amor amo-te... Ah! Mar!

Dia dos namorados? Ah, que nada! A única data que foi importante ontem para mim foi meu 26º mêsversário de namoro! A poesia abaixo foi dedicada à minha musa inspiradora, chamada Suilan, e com sua permissão estou expondo mais esta minha tentativa de exercício literário... Para os apaixonados, creio que muita coisa do que há nesta prosa os trará uma sensação de identificação.

AMOR AMO-TE... AH! MAR!

Minha mente vaga flutua aqui e ali em oceanos límpidos, velejando, navegando em busca de qualquer arquipélago de palavras que farão a diferença e superarão o teor de todas as que eu já te disse desde o início de nossa jornada neste mar de rosas que ainda se perde no horizonte. Por que é tão difícil essas letras e palavras encontrar?

Me sinto tanto em alto mar que tudo que tenho em vista é contrário à concretidão de ilhas, é leve e espiritual, como o cheiro da brisa e o dança de um coral. Desculpe pela incapacidade, anjo, mas quanto mais convivo contigo mais vivo e menos digo, pois parece até desperdício, não, sacrifício, falar sem te beijar, e além do mais acho que se eu te beijar vou conseguir falar muito mais do que se eu lhe falar. Você é meu vício tornado em virtudes, a última pérola para essa ostra entre milhares.

Princesa, anjo, amor, agora sereia, dentre tantos nomes, você parece intimidar a língua falada, a língua escrita, até mesmo em seu poder de dar conceito ao mundo. A única língua que você não intimida, essa você instiga, é a minha língua, que é a sua língua, em nosso dialeto do amor, que fala sem falar. Perdido, perdido e mergulhado entre um cardume de sentimentos, essências abstratas, e uma procura impossível por um meio mundano de expressão destes. Perdido, perdido nessa vastidão de nomes e adjetivos repetidos (como o português é pequeno pra nós dois?), mas perdido, e perdido na alegria de te ter, de ter sido encontrado, encontrado e pescado pela sinceridade e simplicidade de seus olhos únicos, afiados como uma lâmina forjada na felicidade.



Sário Ferreira - 12/06/2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Recrescência

Há cerca de três meses lá estava eu, perdido de meu outro eu há quase três estações. A tinta constantemente saia da caneta, mas nenhuma gota era pra poesia, era para trabalho somente, e infelizmente não do trabalho para poesia... Mas foi então que, como uma profecia de Nostradamus, veio me o "insight" incontrolável necessitado de ser libertado do universo caótico de minha mente para a concretidão aprisionada do papel. Deixei-o voar nas pautas da folha, e o vento das ideias cantou a seguinte poesia sob suas asas:

RECRESCÊNCIA

Reles Alma, adiante se adianta
Em flora e grama, gramática jaz
Nas distantes ilhas lexicais
De triste fauna semântica extinta
Escravas senhoras de um senhor escravo
Mel que inexiste em uma colméia sem favo

Genuína semente em minha mente demente
Raiz seca, molha-te o suor impróprio
Procuro por vós, voz, fruto excelente
Pois as puras águas são só para o ópio
Caule increscente, chagado por todos
Morreu ao som de uma lira sem cordas

Mestr'ego, não chores, pois aqui neste broto
Recorda-se a lira, de acordes em chave
Vê cego e recresça em fogo envolto
Livra te d'ira, ganhe o céu vermelha ave












Sário Ferreira - 20/03/2010